Antão e quê...?

O tempo que nos resta – otimização do tempo

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Gabriel e Ricardo Antão

O tempo que nos resta – otimização do tempo

 

Na vida moderna, há uma sempre-presente necessidade de fazer várias coisas, seja por imposição laboral ou por vontade própria. No entanto, a única certeza que temos é que o dia tem apenas 24 horas, o que por vezes nos deixa exasperados por não conseguir fazer tudo o que pretendíamos. No mundo da música, esta sensação pode ser exacerbada pela frequente vontade de manter uma carreira performativa em paralelo com uma carreira na docência, ou pela determinação em ter alguns projetos em simultâneo, por exemplo. Isto para não falar na quase quixotesca demanda de combinar ambas as possibilidades.

 

Então, o que podemos fazer para tentar cumprir com tudo?

 

Não há como esticar as horas do dia. E há que destinar algumas horas para descansar e reabastecer o corpo. Por isso, a solução terá de passar por otimizar o tempo que nos resta. E felizmente há algumas formas de o fazer.

 

A primeira é não acreditar na miragem do multitasking: o nosso cérebro não está preparado para fazer duas coisas em simultâneo. O que o cérebro faz é, simplesmente, alternar entre tarefas rapidamente, o que tem um custo elevado em termos energéticos e também pode ter consequências graves (podem ver alguns dados científicos aqui). Como o nosso objetivo é conseguir fazer tudo, e com alguma sorte mantendo alguma energia, esta possibilidade deve ser descartada. É muito mais produtivo focar a nossa atenção numa tarefa, concluí-la rapidamente e com qualidade, e depois passar para a seguinte.

 

O que nos leva à próxima dica: organizar o tempo e as tarefas que temos pela frente. Isto consegue-se, facilmente, com os telemóveis que estão omnipresentes nas nossas vidas. E nem é preciso instalar uma app (apesar de haver várias interessantes disponíveis). Com o bloco de notas, calendário e relógio, já se conseguem ótimos resultados.

 

O bloco de notas permite-nos apontar as tarefas, o que também liberta a nossa mente (já não tem que reter na memória de curto prazo as tarefas que temos pendentes); se quiserem ser mais eficazes, distribuam as tarefas por níveis de prioridade. Esta dica também funciona para nos conhecermos melhor: quando surge a frase “não tive tempo” (nalguma conversa ou em pensamento), experimentem trocar por “não foi uma prioridade”. Pode parecer uma pequena diferença, mas talvez ajude a mudar a sensação de culpa (não consegui fazer algo = falhei) por uma de controlo (escolhi não fazer = fiz algo mais importante)

 

Apesar das valências das listas, há uma tática que a tem vindo a substituir: na literatura anglófona é designada por timeboxing, e podem ver um artigo explicativo aqui. Basicamente consiste no seguinte: em vez de colocarem as tarefas numa lista (ou depois de as terem apontado), decidem quanto tempo necessitam para as fazer e apontam na vossa agenda quando as irão fazer. E depois há que cumprir. É provável que nas primeiras vezes calculem erradamente o tempo que necessitam; mas assim podem começar a conhecer-se melhor, e na próxima vez já reservam o tempo suficiente. E que também reservam tempo para pausa/descanso. É absolutamente essencial, para podermos respirar e mudar o foco para a tarefa seguinte.

 

Há mais uma dica, que podem incluir na vossa rotina de forma simples. Apesar de talvez não ser a mais fácil, pois sabemos que especialmente no inverno pode custar mais: trata-se da tarefa hercúlea de acordar mais cedo. Nem sempre é fácil, especialmente com tempo frio. Mas regra geral é de manhã que estamos mais despertos, e que o nosso estudo pode ser mais produtivo. Além disso, se enfrentarmos um dia de trabalho com o nosso estudo já feito, sentiremos que o dia está a render, o que nos dará mais confiança para o dia; pelo contrário, depois de um dia extenuante, o mais provável é que o estudo não tenha rendimento algum.

 

A prática de desporto também é altamente benéfica. Não só logo pela manhã (ajuda a acordar o corpo, além dos benefícios já referidos de ter mais tarefas feitas desde cedo), mas a qualquer hora. Para manter o corpo saudável e para corrigir os péssimos hábitos posturais que se ganham com o computador/no trabalho. E ajuda a limpar a mente, o que é sempre positivo. Isto também é válido para outras atividades, como escrever, pintar ou trabalhos manuais, por exemplo. Podem ajudar-nos a pensar de outra forma, a trabalhar algum aspeto que, de outra forma, não trabalharíamos. 

 

Queremos, por fim, ressalvar um aspeto que é facilmente descurado, quando se começa a tentar ser mais produtivo: definam as metas que pretendem alcançar, e lembrem-se de parar quando as atingem. É muito comum que, quando se vêm os resultados rapidamente, fiquemos viciados e tentemos encontrar sempre mais detalhes a melhorar; mas isto pode acabar por não ser saudável. Lembrem-se que há uma razão para querermos ser mais produtivos: termos mais tempo para nós, seja para fazer mais coisas que temos em mente, seja para simplesmente descansar ou estar com família e amigos. Afinal, a música pode ser uma parte extremamente importante da nossa vida, e que tem um peso enorme na nossa identidade.

 

Mas certamente não será a única, e é importante ter um equilíbrio presente. Afinal, trata-se de todo o tempo que temos pela frente.

 

Bibliografia:

https://www.apa.org/research/action/multitask

https://hbr.org/2018/12/how-timeboxing-works-and-why-it-will-make-you-more-productive

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