No caso da Ana Madalena Ribeiro, à primeira é de vez. A estreia a solo no PJM não podia ter sido mais feliz ao conquistar o 1º lugar na competição, nível superior, em Violino. “Os concursos são etapas muito importantes para um músico. Trazem-nos muitas vantagens e oportunidades para a nossa carreira e, para além disso, são uma forma muito gratificante de vermos o reconhecimento do nosso trabalho”, diz.

“todas as eliminatórias exigiram um grande esforço e dedicação”

A preparação foi árdua: “todas as eliminatórias exigiram um grande esforço e dedicação da minha parte. Muitas horas de estudo intensivo facilmente resultam num desgaste físico e psicológico que se tornam difíceis de superar”.

O Concerto para Violino e Orquestra de Johannes Brahms, “uma das obras mais emblemáticas do reportório do violino”, que tocou na final pode ter compensado pela emoção, pelo “enorme prazer e desafio”.

“o PJM é o concurso com mais projecção a nível nacional”

Acredita que “o PJM é o concurso com mais projecção a nível nacional. É um evento que distingue os jovens músicos portugueses, valorizando e recompensando o seu trabalho”. E que, deste modo, pode lança-la no panorama musical português: “Trazer-me-á notáveis e enriquecedoras experiências que serão muito importantes para a minha carreira”.

Um dessas experiências marcantes acontece já esta semana, no Concertos dos Laureados: “será um enorme prestígio e uma experiência muito gratificante apresentar-me a solo com a Orquestra Gulbenkian”.

“tinha consciência de que era uma área extremamente exigente”

Ana Madalena Ribeiro começou a estudar Violino aos cinco anos de idade na Escola de Música de Esposende. “Sempre tive dúvidas, pois tinha consciência de que era uma área extremamente exigente e que implicaria muito trabalho, muitas horas de estudo individual. Fui sempre muito apoiada e incentivada pela minha família e professores que me diziam ter muitas capacidades, e foi após ter ingressado na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo que tive a certeza de que a música seria a minha vida”, explica.

A apoiar estiveram os professores Paulo Matos e Macau Filipe, com quem iniciou em Esposende; o professor Sergey Arutyunyan, na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo; a professora Zofia Woyciscka, na ESMAE, que teve o papel mais determinante no seu percurso até hoje. “Foi também muito importante para mim o trabalho que realizei com o professor Ryszard Woyciscki no âmbito da música de câmara e ainda o apoio incondicional da professora Olga Vasilieva, a pianista que me acompanhou no concurso”, acrescenta.

“o meu principal objetivo é continuar a evoluir”

Num futuro próximo, gostaria de contactar com importantes violinistas de renome mundial e frequentar cursos e masterclasses no estrangeiro: “neste momento, o meu principal objetivo é continuar a evoluir. Irei continuar a trabalhar de forma a alcançar o nível mais elevado possível e, consoante as oportunidades que surgirem, logo verei o que o futuro me reserva”.

O sonho seria apresentar-se a solo nas principais salas, “tocar com as melhores orquestras e maestros do mundo”.

“não acho que seja uma necessidade sair de Portugal”

E não preciso aventurar-se no mundo para fazer música ao mais nível: “hoje em dia temos excelentes músicos e pedagogos, por isso não acho que seja uma necessidade sair de Portugal. Acho que é muito importante conhecermos diferentes panoramas musicais, contactar com grandes músicos, maestros e etc.”.

“O panorama da música erudita em Portugal tem evoluido significativamente. Cada vez há melhores instrumentistas, o nível é cada vez mais elevado. Ao longo dos anos vão surgindo novos agrupamentos e pequenos projetos que têm sido muito enriquecedores”, sublinha.

Diz ainda que “é notável a evolução” da nova geração de músicos portugueses: “Penso que o surgimento das escolas profissionais de música teve um impacto significativo, uma vez que estes estabelecimentos de ensino já formaram muitos músicos de renome, solistas e músicos de orquestra que ocupam posições de destaque tanto em Portugal como no estrangeiro”.