Sandra Bastos
Estudou com Nuno Inácio na Academia Nacional Superior de Orquestra antes partir para Genebra, na Suíça, onde concluiu mestrado em Orquestra com distinção, na classe dos professores Jacques Zoon (Flauta), Jerica Pavli (Piccolo) e Serge Saitta (Flauta Traverso). Flávia Valente ocupa, desde março deste ano, o lugar de Flautim Solo e Flauta da Orquestra Filarmónica de Roterdão, na Holanda, uma das mais prestigiadas da Europa.
Para Flávia Valente é “a realização de um sonho de longa data e a prova de que com determinação e a ajuda tudo é possível”. Os primeiros meses em Roterdão têm sido um desafio a todos os níveis: “Qualquer mudança de país e de emprego implica uma fase de adaptação e nem sempre o caminho é claro. Felizmente tenho tido colegas de trabalho que me têm apoiado e guiado, o que facilita poder concentrar-me a 100 por cento em fazer um bom trabalho”.
Sente uma grande responsabilidade com este lugar, mas garante que irá dar sempre o seu melhor: “A qualidade da orquestra é enorme e os maestros principais são excelentes, portanto não merecem nada menos do que excelência da minha parte. Quanto a futuro, se conseguir ficar permanentemente nesta orquestra, sentir-me-ei a pessoa mais feliz do planeta”.
“rapidamente aprendi a expressar-me muito melhor no piccolo do que na flauta”
Considera que estudar na Suíça foi a decisão certa: “Além de o país ter uma atmosfera que considero muito especial, o corpo docente da escola onde estudei é incrível e altamente inspirador. Ver os meus colegas a conquistar concursos internacionais e lugares em boas orquestras também me fez acreditar que seria possível um dia vir a conquistar algo do género”.
Destaca o trabalho com Jacques Zoon, o flautista que mais admira e a ajudou “a crescer muito a nível interpretativo” e “a recuperar o prazer de tocar”, que tinha perdido devido a “tantas frustrações”. E o grande apoio de Loïc Schneider, Primeiro Flauta da Orquestra da Suisse Romande.
Foi também em Genebra que conheceu “uma enorme inspiração” – Jerica Pavli (Piccolo solo da Orquestra da Suisse Romande): “foi a pessoa que me fez passar de odiar tocar piccolo a querer seguir uma carreira como piccolista. Apaixonei-me completamente pelo instrumento e rapidamente aprendi a expressar-me muito melhor no piccolo do que na flauta. A Jerica ainda é a pessoa que contacto quando enfrento um desafio no trabalho”.
“o importante é não baixar os braços e confiar no destino”
Estudar com Nuno Inácio foi igualmente “um grande abanão” no seu percurso: “A pessoa que me fez ver que tocar bem não é sobre quem toca mais rápido, mas sim sobre criar o momento. "You must will" era a frase que ele mais dizia, e é uma frase que me marca até hoje”.
Hoje, acredita que com trabalho e determinação tudo é possível: “Frequentemente não se conquista o plano A. Mas ainda mais frequentemente o plano B conquistado se revela melhor para nós do que o plano inicial, portanto o importante é não baixar os braços e confiar no destino”.
Flávia Valente
Flávia Valente, flautista, iniciou os seus estudos musicais aos 7 anos na Filarmónica Ansianense de Santa Cecília, tendo prosseguido no Conservatório de Música de Coimbra e na Escola Profissional de Música de Espinho, onde ganhou um prémio de mérito.
Licenciou-se na Academia Nacional Superior de Orquestra, com Nuno Inácio. Entre 2015 e 2017 foi aluna de mestrado em orquestra na Haute École de Musique de Genève, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo estudado flauta com Jacques Zoon, piccolo com Jerica Pavli e traverso com Serge Saitta.
Em junho de 2017 concluiu o mestrado com distinção, e obteve o prémio Raymond Weil. Tocou em orquestras portuguesas como a Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Jovem Orquestra Portuguesa, e com orquestras Suíças como a Orchestre de la Suisse Romande e a Orchestre de Chambre de Genève. Também se apresentou a solo com a Orquestra Clássica de Espinho e a Jovem Orquestra Portuguesa.
Actualmente colabora como piccolo solo na Orquestra Filarmónica de Roterdão.