Metropolitana aposta na Inclusão Visual e Auditiva

Projeto Musicar recebe apoio para fazer a Diferença

Da Capo

Com apoio do MusicAIRE, ação cofinanciada pela União Europeia para apoio à indústria da Música, o projeto MUSICAR é uma iniciativa da Metropolitana que irá decorrer entre fevereiro e novembro de 2023, no sentido de "promover o pleno acesso às artes a indivíduos cegos e surdos por intermédio da promoção do ensino da teoria musical e da prática musical de conjunto nestas comunidades".

 

As ações programadas incluem a sensibilização e a formação especializada de professores de música, noutra etapa, aulas teóricas e práticas dirigidas a alunos cegos e surdos. O projeto é apoiado por profissionais e entidades com experiência em ações de formação vocacionadas para a deficiêncua visual e auditiva. Conta ainda com a «cumplicidade» de duas entidades que em passados anos iniciaram atividades desta natureza: a Filarmónica Enarmonia da Associação Bengala Mágica e Mãos que Cantam, e o Teatro São Luiz, onde irá ser apresentado o concerto público, no dia 29 de novembro, com os participantes, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e músicos convidados.

 

O primeiro encontro realiza-se já no próximo dia 24 de fevereiro, entre as 18h00 e as 20h00, na sede da Metropolitana - inscrições até 17 de fevereiro. Nesta sessão, será apresentado o projeto e terá lugar a angariação de contributos para a sua implementação. Paralelamente, pretende-se  "reunir testemunhos que permitam retratar sumariamente a atual oferta formativa no domínio da música para estas comunidades, identificar metodologias e experiências já anteriormente ensaiadas por diferentes agentes nesta área e, sobretudo, assinalar boas práticas para serem implementadas ao longo do processo".

 


Ações de Formação para Professores

 

Entre os meses de março de maio, serão realizadas nove ações de formação na sede da Metropolitana, no final da tarde de sexta-feira, destinadas a todos os músicos da OML, aos alunos da Academia Nacional Superior de Orquestra e aos docentes das três escolas da Metropolitana, independentemente da disciplina que lecionem.

 

Os conteúdos destas sessões consistem em noções básicas de musicografia braille, metodologias de memorização e treino auditivo para cegos, noções básicas de língua gestual portuguesa, orientações para o ensino coral e de instrumentos de cordas, sopros e percussão a pessoas com deficiência visual e o ensino de instrumentos de percussão a pessoas com deficiência auditiva.

 

No final será constituído um Núcleo de Educação Especial na Metropolitana que permitirá, ainda em maio, assistir a três ateliês práticos de experimentação de instrumentos musicais participados por alunos cegos e surdos.

 


Aulas Teóricas e Classes de Conjunto para Cegos e Surdos

 

Entre maio e novembro, com periodicidade semanal, sempre aos sábados (calendário por definir em função do número de participantes), estão agendadas duas classes de formação distintas, uma dedicada a alunos cegos outra a alunos surdos. Para o efeito, serão contratados professores especialistas nas respetivas áreas de ensino, eminentemente focadas na teoria da música e na prática musical de conjunto. Sempre que necessário, serão também contratados docentes de educação especial e técnicos que garantam o regular funcionamento das sessões.

 

As aulas para cegos consistem fundamentalmente em formação em musicografia braille, prática coral e, mais restritamente, numa iniciação à prática de instrumento. Por seu turno, as aulas para surdos consistem na exploração expressiva da linguagem musical em associação à Língua Gestual Portuguesa e na teorização do ritmo e da sintaxe musicais. As aulas são de participação gratuita.
 


Concerto Final

 

O concerto final, a realizar no Teatro São Luiz, no dia 29 de novembro, vai contar a participação dos  agrupamentos das Classes de Conjunto para Cegos e Surdos, juntamente com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dois artistas cegos, um pianista e um maestro.

 

Este concerto tem como objetivo "sensibilizar a comunidade musical do nosso país, mas também, e sobretudo, o público em geral, procurando através da demonstração do talento artístico substituir as manifestações de complacência pelo respeito pela pessoa com deficiência".

 


A designação do projeto, MUSICAR foi inspirada no conceito desenvolvido pelo músico e pedagogo Christopher Small, que defendeu que a Música é um fenómeno eminentemente relacional e que a sua essência não reside na obra enquanto objeto, mas sim na ação, naquilo que cada um de nós faz com ela.

 

 

Mais informações:

https://www.metropolitana.pt/musicar/

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