Sandra Bastos
É a segunda vez que Ricardo Pereira concorre ao PJM e também é a segunda vez que é laureado. A primeira foi em 2008, tendo alcançado o 3º Prémio. “Como qualquer músico, tenho sempre objectivos a que me proponho atingir, este concurso fez parte de um desses objectivos, tal como as audições de orquestra, recitais, entre outros. Sendo um concurso na categoria de trombone, dos poucos que existem a nível nacional, ainda que aconteça de forma esporádica, existe sempre o desejo de participar até que a idade permita, por ser também uma competição de elevado prestigio no contexto nacional”, explica Ricardo Pereira.
“são estes momentos que revigoram a nossa carreira”
Objectivos que implicam sacrifícios, sobretudo para quem foi professor durante o ano e colaborou com orquestras portuguesas: “numa fase do ano em que precisava de descanso, tive de manter a concentração e energia na preparação do concurso”.
A preparação para esta prova “foi realizada com todo o rigor de muitas outras já efectuadas” e contou com o apoio do professor Jon Eterbeek (chefe de naipe da Orquestra da Galiza).
No entanto, Ricardo não acha que o PJM irá mudar a sua carreira: “acredito que irá motivar no trabalho e dar uma energia renovada para abraçar novos objectivos. Não é possível que um concurso de quatro meses, altere abruptamente o que vem sendo construído, no meu caso, há doze anos, mas são estes momentos que revigoram a nossa carreira, definitivamente”.
“o nível artístico encontrado no PJM é tão ou mais elevado comparativamente a outros concursos internacionais”
“O PJM é um concurso muito bem organizado, que proporciona um nível de excelência aos candidatos. Tendo já tido a experiência de realizar concursos internacionais, posso garantir que o nível artístico encontrado no PJM é tão ou mais elevado comparativamente a outros. Os jovens músicos Portugueses podem estar orgulhosos por este concurso estar inserido no âmbito musical Português”, sublinha.
Segue-se o concerto dos laureados, onde pode vencer ainda o Prémio Maestro Silva Pereira, “um prémio com muito prestigio e tradição, grandes músicos já o venceram”. Porém mais do que o pensar em prémios, o jovem trombonista vê o concerto de laureados como “uma excelente oportunidade e experiência de poder tocar a solo com uma orquestra profissional, de ser solista ao mais alto nível, com uma das melhores orquestras portuguesas”.
“o instrumento sempre foi o melhor brinquedo".
Ricardo Pereira nasceu numa família com tradição na música, originária das bandas filarmónicas, uma influência determinante para o seu percurso: “Tudo se desenrolou de forma natural, a importância dos amigos na infância é fundamental, porque uns influenciam outros, no meu caso, como tinha bastantes a aprender música comigo, alguns ingressaram nos conservatórios e escolas profissionais, e foi com esses amigos que fui iniciando um percurso na aprendizagem musical. A música era encarada como o melhor passatempo possível, numa altura em que não era possível o acesso a videojogos e outras distracções, o instrumento sempre foi o melhor brinquedo".
Assim, é na família e nos amigos que tem o maior apoio, sem esquecer os professores Zeferino Pinto (Conservatório de Braga) e Severo Martinez (ESMAE), pelo ”excelente acompanhamento e apoio na aprendizagem”.
Destaca também os momentos o ajudaram a evoluir como músico e pessoa, como a colaboração com orquestras profissionais nacionais e internacionais e o contacto com “excelente músicos”.
“Em Portugal também se pratica música ao mais alto nível”
Além de continuar a leccionar, Ricardo está a realizar um período de experiência no Remix Ensemble, a par do Mestrado em Ensino da Música na Universidade do Minho. “Sou uma pessoa ambiciosa mas gosto de encarar um objectivo de cada vez, o meu principal desejo, independentemente dos objectivos com que sonho, é estar rodeado de pessoas que amem a música como uma arte e não como um "emprego", isso faz-me sentir feliz!”, diz.
E em Portugal “também se pratica música ao mais alto nível, desde solistas, grupos de música de câmara a orquestras sinfónicas”. Porém, será bastante benéfico para qualquer pessoa ter experiência internacional, sobretudo “ao nível das oportunidades, da experiência e culturalmente, em países como a Alemanha, Áustria, Inglaterra e Suíça.
“para um jovem estudante com a ambição de aprender, evoluir e ter oportunidades, o caminho passa pela via internacional”.
Em Portugal, “num país onde não há oportunidades”, vê também “uma geração de músicos com enorme talento. Prova desse talento são todos aqueles que optam pela emigração, conseguem sucesso, como lugares em orquestras profissionais e vencedores de concursos internacionais. Penso que actualmente para um jovem estudante com a ambição de aprender, evoluir e ter oportunidades, o caminho passa pela via internacional”.
“A música erudita em Portugal atravessa, na minha opinião, uma fase conturbada. Desde o mercado de trabalho existente, que é pouco ou nulo, até aos espectáculos que podemos assistir, o que em alguns casos é difícil para a maioria das pessoas, ou pelo elevado preço dos bilhetes ou pela distancia dos mesmos que impossibilita o deslocamento das pessoas na maior parte dos casos, porque actualmente a música ao mais alto nível é exclusiva às grandes cidades”, acrescenta.
Ricardo Pereira
Ricardo Pereira, natural de Braga, iniciou os seus estudos musicais com o seu pai, António Pereira. Em 1999 ingressa no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, tendo em 2006 concluído o 8º grau de trombone na classe do professor Zeferino Pinto, obtendo classificação máxima e distinguido com o Prémio de Mérito Artístico. Nos anos entre 2006/2009 estudou na Escola Superior de Música e Artes do
Espectáculo do Porto na classe do professor Severo Martinez, tendo em 2009 concluído a Licenciatura em trombone com a classificação máxima.
Actualmente frequenta o Mestrado em Ensino da Música na Universidade do Minho.
Posteriormente, frequentou masterclasses de trombone sob a orientação de Zeferino Pinto, Nuno Scarpa, Simon Cowen, Jacques Mauger, Jarret Butler, Severo Martinez, Robert Blossom, John Eterbeek, Petur Eiriksson, Gyorgy Gyivicsan, Stefan Schulz, Otmar Gaiswinkler, Andrea Conti e Charles Vernon. Vencedor do 1º Prémio no “Prémio dos Jovens Músicos” (RDP-RTP 2013).
Vencedor do 1º Prémio no II Concurso Nacional “Terras de la Salett 2009”. Finalista da 20ª edição do Concurso promovido pela YMFE (Yamaha Music Foundation of Europe, 2009). Laureado com o 3º Prémio no “Prémio dos Jovens Músicos” (RDP-RTP 2008). Integrou a European Union Youth Wind Orchestra, Orquesta Joven de la Sinfónica de Galicia, International Mahler Orchestra, e a The World Orchestra, com quem realizou concertos em Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Portugal.
Colaborou ainda com a Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra Sinfónica da Póvoa de Varzim, Orquestra do Algarve, Orquestra do Norte, Remix Ensemble, Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Orquestra Gulbenkian e Orquesta Sinfónica de Galicia. Apresentou-se como solista com a Orquestra da Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, com a Banda Sinfónica Portuguesa e a Orquestra do Norte.
Orientou Cursos de Aperfeiçoamento Instrumental em Santiago de Riba-Ul, Ponte Lima e nos Açores (Ilha Terceira) Durante as temporadas de 2010 e 2011 foi solista A na Orquestra do Norte.
Leccionou a disciplina de trombone no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. Actualmente é professor na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, Academia de Música de Viana do Castelo e na Escola de Música de Esposende. É membro fundador do “Mr SC & The Wild Bones Gang”.