Antão e quê...?

Canções infantis – o primeiro contacto com a música?

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Gabriel e Ricardo Antão

Com duas crianças pequenas em casa, o cuidado com os exemplos musicais é redobrado. Além dos cuidados para que a aprendizagem de vários idiomas não se sobreponha, também precisamos de estar atentos à música à qual os expomos: adequada e que lhes permita crescerem abertos às mais diversas possibilidades musicais. Há que salientar as várias ofertas existentes, desde concertos para crianças com interatividade até às atividades diárias no infantário; na verdade, as crianças (e os pais, evidentemente) podem contar agora com uma enorme e diversa oferta cultural, que permite enriquecer as experiências desde uma tenra idade. Mas as possibilidades não se esgotam nestas atividades, pois há outro local onde as crianças absorvem modelos que os irão marcar para a vida: o lar.

 

E é aqui que têm surgido questões: Em casa, o que fazer? Ou melhor, que cuidados ter? Para além de me preocupar em cantar o melhor possível dentro das minhas fracas capacidades – e de ser acompanhado no estudo por uma criança com um trombone soprano sempre atrás de mim a tentar tocar mais forte que eu – procurei explorar o tema das canções infantis. Naturalmente que procurei as canções da minha infância e que me são queridas, mas não só. Estando a viver num espaço de língua alemã, procurei também canções tradicionais neste idioma, para que os meus filhos ganhem confiança também no alemão. Porém, salvo algumas exceções, as letras, melodias e harmonias parecem tratar as crianças como sendo desprovidas de uma incrível capacidade de aprendizagem. Nos seus primeiros anos, as crianças aprendem a conviver e crescer no seu meio, e este é aquele que nós lhes apresentamos. Atrevo-me a dizer que, muitas vezes, a fasquia está abaixo do potencial das crianças, e que elas são capazes e desejosas de muito mais!

 

Felizmente, fui agraciado com vários livros (inclusive álbuns) de canções para crianças baseadas em histórias clássicas e também com novas histórias infantis. Musicadas por compositores contemporâneos portugueses, estas histórias espelham um reconhecimento das capacidades das crianças, apresentando melodias e harmonias que refletem também alguma da complexidade musical contemporânea. Não é o objetivo mencionar livros e álbuns específicos, visto que a qualidade abunda entre os nossos compositores; apenas gostaríamos de referir que é de desde tenra idade que podemos aumentar os horizontes dos nossos pequenos com música que os prepara para um mundo cheio de possibilidades, e que não se limita às tão repetidas melodias, textos e sequências harmónicas.

 

Já numa crónica anterior tínhamos referido a importância que deve ser dada à música dos nossos compositores, e nesta gostaríamos de repetir: devemos estar muito orgulhosos!

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