Antão e quê...?

O que faço com esta crónica?

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Gabriel e Ricardo Antão

Depois de várias crónicas - e esgotados os temas iniciais que logo nos surgiram - damos por nós à procura de temas de interesse, tanto para nós como para os nossos leitores (já agora, seria ótimo receber algumas propostas, por isso estejam à vontade para nos contactar).

Fortuitamente, essa situação resolveu-se de forma autónoma, pois sugeriu o presente tema: uma meta-reflexão, ou uma reflexão sobre o próprio processo de reflexão (e, mais especificamente, sobre a escolha de temas).

 

Nas nossas crónicas, não nos arvoramos em solucionadores das grandes questões: apenas pretendemos propor alguns temas e ideias para reflexão. Acreditamos que o debate e a troca de ideias podem suscitar algumas respostas ou, pelo menos, abrir caminho para novas possibilidades, e que os problemas poderão ser mais eficazmente resolvidos se houver uma maior e mais saudável discussão. Também sabemos que não dominamos todas as áreas do conhecimento, e por isso nos cingimos àquelas temáticas que nos são mais chegadas, com algumas pequenas incursões a temas adjacentes. Mas somos curiosos, e procuramos saber um pouco mais e compreender as novidades que vão surgindo. Afinal, a curiosidade é, talvez, o principal motor da reflexão.

 

E é a este ponto que pretendemos chegar, após esta introdução justificativa. A escolha dos nossos temas surge, invariavelmente, de entre os diversos temas que nos interessam, e sobre os quais já temos mais conhecimento. E por razões bem definidas: a reflexão é uma ação que pode e deve ser cultivada, e que se pode tornar um hábito enraizado no nosso quotidiano; mas é também um processo que exige esforço, e que obriga a procurar mais conhecimento sobre algo. Por isso, será natural procurar temas com os quais já temos contacto, e a partir daí fazer pontes para outras áreas (ou explorar determinado tema mais profundamente). Ao descobrir algo de novo sobre um determinado tema (ou ao relembrar detalhes que não recordávamos), resolvemos a primeira parte do problema, que é a escolha de um tema. Mas falta a segunda, porventura mais importante: a reflexão sobre o tema.

 

Normalmente, o processo é mais difícil no início, quando a página está em branco, no chamado bloqueio na escrita[1]. Mesmo tendo o tema definido, nem sempre é fácil encontrar o ponto certo para começar, ou mesmo a forma como o queremos abordar. Uma ótima estratégia é dar uma caminhada, tal como atestam alguns estudos científicos[2]. Depois de começar, o processo começa a ganhar ritmo, mas ainda é preciso empenho e diligência para encontrar argumentos corretos e fundamentados, e escrever um artigo coerente.

 

Apesar do esforço e do tempo que é necessário despender para escrever estas crónicas, o processo de reflexão e de diálogo é também bastante enriquecedor, pois permite-nos expor as nossas ideias e compará-las com as do outro, num processo de depuração até chegarmos ao resultado final. Também nos obriga a ser objetivos e claros, para não nos dispersarmos nos temas nem escrevermos de forma confusa. Em suma, obriga-nos a cristalizar as ideias, para que a nossa mensagem passe claramente, e a encontrar pontos em comum. Aquilo que também tentamos procurar ao fazer música.

 

 

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