Da Capo
Carlos Caires apresenta o álbum duplo "Os Sons em Volta", edição da Artway, que inclui 14 obras compostas entre 2005 e 2022, resultado das inúmeras encomendas que tem recebido ao longo da carreira, como colaborações com a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, o Coro ECCE, o Drumming GP, a Banda Sinfónica de Alcobaça, a Orquestra de Sopros da Escola Superior de Música de Lisboa, mas também pequenos ensembles de solistas.
A obra de Carlos Caires já foi destinguida com o Prémio Joly Braga Santos, o Prémio Cláudio Carneyro e o Prémio ACARTE, entre muitas outras e destaca-se, de acordo com a Artway "pelas surpreendentes construções sonoras baseadas em diálogos criativos entre os instrumentos acústicos e a eletrónica — ou não fosse Carlos Caires um especialista no desenvolvimento de software para música eletroacústica e composição assistida por computador".
"A escolha e organização das peças foi feita por forma a mostrar este percurso, tentando diversificar a experiência de escuta do CD como um todo, ao abranger formações camerísticas variadas: desde duetos e quartetos até agrupamentos maiores, incluindo orquestra de sopros e orquestra sinfónica, além de música concertante, coral e coral-instrumental. Apesar desta aparente diversidade e da evolução natural da linguagem de qualquer compositor ao longo de um tão extenso período temporal, penso que as obras aqui reunidas revelam uma linha de coerência estética e estilística", explica o compositor.
Carlos Caires
Carlos Caires (n. 1968) é um compositor português de música para instrumentos solo, grupos de câmara, orquestra média e grande. A maioria das suas obras inclui eletrónica. Formou-se em composição pela Escola Superior de Música de Lisboa (ESML), tendo estudado com Constança Capdeville e Christopher Bochmann (composição), e com António de Sousa Dias (música eletroacústica). Mais tarde, obteve uma Maîtrise (1999), um Diplôme d’Études Approfondies (mestrado, 2000) e um doutoramento (2006, como bolseiro financiado pela FCT) pela Universidade de Paris 8, sob a orientação de Horacio Vaggione.
Caires iniciou a sua carreira docente no Conservatório Regional de Setúbal e no Conservatório Nacional de Música (1988-1991), antes de integrar o corpo docente da ESML em 1992, onde continua a lecionar até hoje. Paralelamente à composição, prosseguiu estudos em direção coral e orquestral, frequentando vários cursos de verão em Portugal e no estrangeiro. Codirigiu o Coro da Juventude Musical Portuguesa com o maestro Paulo Lourenço e, mais tarde, foi cofundador e comaestro do Coro Ricercare, até 1998. A sua música foi apresentada em festivais em Portugal, bem como em vários países europeus, nos Estados Unidos da América e na China.
São várias as instituições e agrupamentos que têm dirigido encomendas a Carlos Caires, entre elas a Fundação Calouste Gulbenkian – ACARTE, Borealis Ensemble, Câmara Municipal de Almada, Fundação Casa da Música, Centro Cultural de Belém, Orchestra Sinfonica Nazionale della RAI/Centro Tempo Reale, Festival Aveiro-Síntese, Expo’98, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Lisbon Ensemble XX/XXI, Miso Music Portugal, Companhia Nacional de Bailado e RTP/Antena 2.
Entre os galardões de composição que recebeu, destacam-se o Prémio Joly Braga Santos (1995) pela peça Al Niente, o Prémio Cláudio Carneyro (1996) por Wordpainting e o Prémio ACARTE (1998, partilhado com João Madureira) por Retábulo-Melodrama. A sua produção inclui ainda bandas sonoras e design sonoro para vários filmes de animação independentes. Nas últimas duas décadas, tem estado envolvido no desenvolvimento de software especializado para música eletroacústica e composição assistida por computador. Um dos seus projetos mais significativos é o IRIN, um software de micromontagem sonora que começou a desenvolver durante a sua investigação de doutoramento no CICM (Centro de Investigação em Informática e Criação Musical da Universidade de Paris 8) e que continua a evoluir até aos dias de hoje. Mais recentemente, o seu trabalho expandiu-se para instalações audiovisuais interativas, onde explora a integração de sensores de movimento e o processamento de som em tempo real. Como educador, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de cursos e projetos de tecnologia musical, informática musical e composição assistida por computador em Portugal.
Atualmente, Carlos Caires vive em Lisboa e leciona na Escola Superior de Música de Lisboa.