Sandra Bastos
Venceu o "SliderAsia 2014 Internacional Solo Tenor Trombone Competition" , em Hong Kong - a final realizou-se no dia 8 de Julho no Concert Hall, The Hong Kong Academy for Performing Arts.
Francisco Couto, trombone, diz que “ser premiado no "SliderAsia International Trombone Competiton" significa ver todo o trabalho desenvolvido ao longo de anos ser compensado e reconhecido num concurso internacional, onde estiveram pessoas de 30 países”.
“os músicos portugueses são bem reconhecidos pelo seu talento e dedicação”
É, assim, o primeiro português a ser laureado nesta competição, mas isso não significa que as coisas estejam a mudar: “ainda que Portugal seja um país com excelentes músicos, a cultura portuguesa não é muito apoiada nem reconhecida pelos nossos governantes. O facto de ter participado nesta competição foi uma iniciativa pessoal. No entanto, acredito que com o talento português as coisas irão mudar. Tendo estudado e trabalhado noutros países, posso dizer que os músicos portugueses são bem reconhecidos pelo seu talento e dedicação”.
“Penso que os portugueses sempre conseguiram entrar no topo da música europeia/mundial, talvez não com a frequência desejada, principalmente por falta de apoios. Ainda assim, cada vez vemos mais portugueses a ganhar competições, lugares em orquestras e a serem muito positivamente reconhecidos”, sublinha.
O segredo é simplesmente muito trabalho e dedicação: Se queremos algo temos que trabalhar para isso”.
“Conseguir um lugar em orquestra continua a ser o meu primeiro objectivo”
Francisco terminou este ano, com nota máxima, o mestrado em orquestra no Royal Conservatory of The Hague (Holanda) com os professores Brandt Attema, Timothy Dowling e Pete Saunders e foi academista na Residentie Orkest The Hague. Tem ainda contrato até Dezembro deste ano com a Royal Flemish Philharmonic Orchestra.
“Ganhar uma competição é algo que me dá ainda uma maior motivação para continuar o trabalho que tenho feito até agora, principalmente na vertente de orquestra. Conseguir um lugar em orquestra continua a ser o meu primeiro objetivo”, explica.
Deste concurso, concretamente, ficam algumas propostas em Hong Kong que ainda estão pendentes para o próximo 2015.
“Tive a oportunidade de partilhar o palco com Denson Paul Pollard”
Natural de Reguengos de Monsaraz, Francisco Couto iniciou os seus estudos musicais com o seu pai aos 8 anos, na Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense. Posteriormente, ingressou na Escola Profissional de Música de Évora, na classe de Trombone do professor Hermenegildo Campos e, mais tarde, na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa. Foi também em Lisboa que se licenciou, na ESML, com os professores Ismael Santos e Hugo Assunção.
“TODOS os professores que tive foram importantíssimos para o meu desenvolvimento musical, pois aprendi muito com eles e agradeço-lhes por tudo o que me ensinaram”, destaca.
O momento mais marcante será mesmo a passagem por Hong Kong, por um motivo muito especial: “Tive a oportunidade de partilhar o palco com um trombonista de referência que impressiona em termos de dedicação e humildade, Dr. Denson Paul Pollard”.
“Lá fora, olham para os trombonistas portugueses como músicos de talento inato”
Para o jovem músico, “o nível de trombone em Portugal é bastante elevado, e tem vindo a aumentar devido à crescente qualidade das escolas de música, conservatórios e universidades, aos professores e a novas "ideias" de ensino”.
E supera as expectativas: “Lá fora, de uma maneira geral, olham para os trombonistas portugueses como músicos de talento inato. Quando músicos e professores estrangeiros dão master classes ou aulas a trombonistas portugueses ficam bastante impressionados com o nível, mesmo nos mais jovens”.
“Temos excelentes professores de trombone em Portugal e tenho orgulho em dizer que o ensino é igualmente excelente”, confessa.
“o gosto acompanhado de muito trabalho, dedicação e humildade”
O caminho para o sucesso parece simples - “é o gosto acompanhado de muito trabalho, dedicação e humildade”. Mais concretamente: “ter aulas com muitas pessoas é muito importante, pois conhecemos várias abordagens, métodos, estilos e opiniões diferentes; o que acaba por nos tornar músicos mais completos”.
E também “aproveitar todas as oportunidades para tocar em público, fazer provas para orquestras e competições”. “São formas de crescermos e de nos tornarmos mais fortes no mundo musical. Como eu costumo dizer: O não está sempre garantido!”