In Memoriam

Madalena Sá e Costa (1915-2022)

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Sandra Bastos

  • Madalena Sá e Costa
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Madalena Sá e Costa deixou-nos na passada segunda-feira, dia 18 de abril, aos 106 anos de idade. Era a nossa referência (e continuará a ser) de uma época dourada da música portuguesa.

 

Nasceu numa família de músicos, a 20 de novembro de 1915, no Porto. O seu avô, Bernardo Moreira de Sá, foi o primeiro diretor do Conservatório de Música do Porto. O seu pai, Luiz Costa, foi um dos compositores mais marcantes da sua geração. A mãe, Leonilda Moreira de Sá e Costa, era pianista. E a irmã, Helena Sá e Costa, que todos conhecemos tão bem, foi uma das maiores pianistas portuguesas. Numa entrevista à Antena 2, chegou a dizer: "A minha irmã, Helena Sá e Costa, e eu tínhamos o quarto no primeiro andar. Pelas 09h00, já ouvíamos o nosso pai tocar piano no andar de baixo. Acordar assim todos os dias era estupendo. Foi dessa forma que conheci quase todas as obras: muito Beethoven, muito Schubert, muito de tudo".

 

Tanto Madalena como Helena Sá e Costa fizeram os estudos em casa. Madalena começou por estudar violino, um 'Guadagnini' do avô, que colocava na posição de violoncelo. Habituada à presença de Guilhermina Suggia em casa, no Largo da Paz, onde decorriam muitos ensaios entre os seus pais e a famosa violoncelista, que inspirou Madalena na escolha do instrumento – violoncelo, e foi sua professora. "Os meus pais ficaram um bocado admirados e preocupados. Ela só tinha uma discípula, a Maria Alice Ferreira, e as lições eram caríssimas. Era complicado para os meus pais. Quando eles lhe falaram, ela começou por dizer que não ensinava as primeiras notas. De maneira que as primeiras aulas que tive até foram com o pai dela, o Augusto Suggia. Mas, às tantas, ela lembrou-se do meu avô, que começou a ensinar-lhe música quando ela tinha uns 4 anos. E assim me aceitou como discípula", contou, numa entrevista à Antena 2.

 

Estreou-se aos 19 anos no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. Estudou com  Paul Grümmer, Sandor Végh e Pablo Casals.

Tocou, em duo, com a sua irmã, durante 50 anos, tendo realizado concertos por toda a Europa. Com Helena também fundou o “Trio Portugália”, com o violinista Henri Mouton, passando depois a quarteto com a entrada do violetista François Broos.

 

O seu trabalho foi igualmente notável no ensino, tendo contribuído para a formação de várias gerações de músicos, no Conservatório de Música do Porto e e no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, em Braga.

No seu livro “Memórias e Recordações”, publicado em 2008, apresenta documentos e testemunhos da sua vida, que envolvem três gerações da sua família.

 

Fontes:

Madalena Sá e Costa morre aos 106 anos. A violoncelista que marcou gerações

Meloteca

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"Fado Burnay", encomenda de Madalena Sá e Costa

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