Abel Pereira em Washington DC

"vivemos num mundo altamente competitivo, onde só os melhores conseguem singrar"

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Sandra Bastos

  • Abel Pereira
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O único trompista português a sentar-se na cadeira de 1º trompa na Filarmónica de Berlim, depois de passar pela liderança do naipe de trompas de Filarmónica de Londres e Orquestra Sinfónica do Porto está agora em Washington DC como trompa principal da National Symphony Orchestra sob direcção do Maestro Christoph Eschenbach.

 

No mundo dos concursos tem arrecadado muitas vitórias para Portugal. É na sua carreira admirável como trompista e como professor que os jovens, cada vez mais, vêem um exemplo a seguir, uma prova de que o talento pode ser recompensado e os sonhos valem a pena. Porém, mais do que a vocação inata para a música, mais do que a paixão à primeira vista pela trompa e a sedução pelo palco, a vida de Abel Pereira é marcada por imensos sacrifícios e muito, muito trabalho.

 

 

Da Capo (DC) - Como surgiu a paixão pela Música e pela Trompa em especial?

Abel Pereira (AP) - Comecei a aprender música aos 10 anos de idade, precisamente no local onde se encontra agora a Casa da Música. Antigamente existia uma central de eléctricos dos STCP (Serviços dos Transportes Colectivos do Porto) onde havia uma escola de música que recrutava jovens para a banda da empresa, e o meu pai, enquanto funcionário e músico amador, resolveu desafiar-me a estudar música. 25 anos mais tarde, voltei ao sitio onde tudo começou.

 

O meu interesse pela música começa no momento em que conheci o meu primeiro professor. O Sr. Magalhães, que nos ensinava com muita criatividade, clareza, precisão, e com uma grande paixão pela música, sempre com um entusiasmo contagiante. A trompa aparece poucos meses depois de iniciar o estudo teórico, estava a estudar solfejo e o professor tinha dois instrumentos para os alunos mais avançados, um trompete e uma trompa (não era uma trompa mas sim um clavicorne). O trompete eu já conhecia e achava o instrumento demasiado agressivo, mas não conhecia ainda o som da trompa. O professor resolveu então dar-me a ouvir uma gravação dos concertos de Mozart para trompa e orquestra pelo famosíssimo Hermann Baumann e a partir desse momento fiquei completamente embevecido pelo som daquele instrumento e lembro-me perfeitamente de lhe ter dito que um dia, quando fosse profissional, haveria de gravar um disco com os concertos de Mozart. Nessa altura comecei a ter aulas com um trompista profissional, o prof. Valdemar Sequeira e ao fim de um ano, o prof. António Baptista, que era na altura o maestro da banda de música resolveu convidar-me para tocar o Concerto nº 3 de Mozart, num arranjo para trompa e banda, e foi assim que aos 11 anos, me estreei no Rivoli Teatro Municipal, no Porto.

 

 

"lembro-me perfeitamente de lhe ter dito que um dia, quando fosse profissional, haveria de gravar um disco com os concertos de Mozart"

 

  

DC – Durante a tua formação frequentaste orquestras de jovens e participaste em alguns concursos internacionais. Queres falar-nos um pouco sobre essa experiência e a sua importância?

AP - Comecei a fazer audições para orquestras de jovens bastante cedo. Fiz parte da Orquestra Portuguesa da Juventude, Orquestra de Jovens Ibero-Americana e da Orquestra de Jovens da União Europeia, onde estive durante seis anos! Uma orquestra absolutamente fantástica que me proporcionou a oportunidade de trabalhar com músicos incríveis, maestros e solistas de craveira internacional que são as nossas referências desde o primeiro contacto com a música, tocar nas mais conceituadas salas de concerto pelo mundo inteiro. É sem dúvida um trabalho de extrema importância para a formação de um jovem músico de orquestra.  

 

Obtive em 1996 em Leeuwarden, na Holanda, o 3º Prémio; em 1997 no Concertino Praha, na República Checa o 2º Prémio; em 1998 o European Master-Prize e, em 1999 o 1º Prémio Jovens Músicos. Durante toda a vida o músico tem de lutar curiosamente contra aquilo que lhe da mais prazer, que é estar em palco em frente a uma plateia. Pois num concurso internacional, tudo isso é posto à prova, a presença em palco, o desempenho técnico e artístico e a capacidade de gestão do esforço físico, tal como num atleta de alta competição. Hoje em dia vivemos num mundo altamente competitivo, onde só os melhores conseguem singrar. O sucesso nos concursos internacionais é uma excelente rampa de lançamento para carreira profissional, e ter objectivos de alto nível e de extrema dificuldade é a forma mais eficaz de atingir um desenvolvimento rápido colocando-nos em vantagem em relação à concorrência!

 

 

"O sucesso nos concursos internacionais é uma excelente rampa de lançamento para a carreira"

 

 

DC - Quando e onde se deu o início da tua carreira como profissional? Fala-nos um pouco do seu desenvolvimento.

AP - Estava ainda no ensino superior quando fiz a minha primeira audição para uma orquestra profissional, a Orquestra do Norte em 1997, mais tarde em 1998 ingressei na Orquestra das Beiras onde trabalhei durante dois anos e no ano 2000 ganhei o lugar para solista da Orquestra Nacional do Porto.

 

Entre 2011 e 2013 após concurso desempenhei as funções de primeiro trompa-solo convidado na London Philharmonic Orchestra, em 2013 fui apurado para finalista da audição para primeiro trompa-solo da Berliner Philharmoniker onde ainda me encontro em período experimental e em 2014 ganhei o concurso para trompa principal da National Symphony Orchestra em Washington DC.

 

Entretanto colaborei com diversas orquestras profissionais, tais como, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica de Barcelona, Frankfurt Oper, Chamber Orchestra of Europe, Frankfurt Radio Symphony Orchestra, MusicAeterna, etc.

 

Desempenhei também as funções de professor em diversas escolas nacionais; Conservatório de Música Regional de Gaia, Academia de Música da Feira, Escola Profissional de Música de Espinho, Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, Academia Nacional Superior de Orquestra e Escola Superior de Música do Porto. Ao longo dos anos fui tentando conciliar os meus empregos com a minha actividade de concertista e orientador de masterclasses em vários festivais internacionais na Europa, África, América do Sul, Ásia, Médio-Oriente e EUA.

 

 

O grande sonho de tocar primeiro trompa-solo com a Orquestra Filarmónica de Berlim

 

 

DC – Destacas algum momento na tua carreira?

AP - Houve dois momentos na minha vida em que consegui realizar grandes sonhos. Quando ouvi os concertos de Mozart para trompa e orquestra pela primeira vez, afirmei que um dia que fosse profissional, esse seria o meu primeiro disco. De facto, a minha primeira gravação foram os concertos de Mozart com a Orquestra Metropolitana. 

 

Quando o maestro Miguel Graça Moura me convidou para tocar a solo com a Orquestra Metropolitana em 2000, perguntou-me qual o concerto de Mozart que eu queria tocar. E eu disse que era uma escolha difícil, pois são todos muito bonitos e em tom de brincadeira respondi que gostaria de os tocar todos!!! E curiosamente ele disse: - Pois então se gostaria de os tocar todos porque não grava-los?!?! Não sabia muito bem o que dizer mas aceitei o desafio. Foi uma conversa que acontecera duas semanas antes do início das gravações. O concerto era para ser feito em Maio, o convite foi feito em Março e as gravações foram em Abril, por ser a única data que a orquestra tinha disponível. Era pegar ou largar. Conseguimos gravar o disco em dois dias! Este foi o meu primeiro grande sonho realizado…

 

 

DC – E o outro?

AP – O outro foi, de facto, a oportunidade de tocar primeiro trompa-solo com Orquestra Filarmónica de Berlim.

 

 

 "Na Orquestra do Porto, ganhei muita experiência como trompista, evolui bastante como músico e amadureci imenso como indivíduo"

 

 

DC – Estiveste na Orquestra do Porto durante 14 anos. Qual o balanço?

AP – Como efectivo são 14 anos, mas comecei a tocar com a Orquestra do Porto em 1993. Quando comecei a tocar na orquestra, o nível era razoável, a orquestra era pequena e as condições de trabalho não eram fantásticas. Ao longo dos anos tudo se foi alterando, o quadro da orquestra aumentou e o nível da orquestra melhorou consideravelmente. Desde que entrei para orquestra em 2000, começamos a fazer programas sinfónicos, a trabalhar com melhores maestros, integramos a Fundação Casa da Música e começamos a fazer algumas digressões, que antes não se faziam…

 

É pena, de facto, em Portugal não haver um apoio como há na Alemanha e nos Estados Unidos à cultura, para que a orquestra tivesse autonomia suficiente para contratar grandes maestros e solistas e colocar a orquestra num circuito internacional de topo. Mas, foram 14 anos de grande aprendizagem. Ganhei muita experiência como trompista, evolui bastante como músico e amadureci imenso como indivíduo. Fizemos grandes concertos, fiz amigos para a vida e interagi com pessoas muito interessantes. Continua a ser um grupo de trabalho muito saudável e com boa energia.

 

 

DC – Até agora tiveste a oportunidade de trabalhar continuamente em três orquestras de top mundial, London Philharmonic, Berliner Philharmoniker e National Symphony Orchestra em DC. Quais as principais diferenças entre estas orquestras e a Orquestra Sinfónica do Porto, Casa da Música?

AP – Neste momento encontro-me de licença no Porto para poder viver em Washington DC. Na realidade, as 3 grandes orquestras de que falas no início têm algumas diferenças entre elas, no que diz respeito por exemplo à sua gestão, promoção e organização, mas partilham no entanto uma coisa que é comum em todas as grandes orquestras mundiais, a qualidade artística. Sendo de resto completamente diferentes.

 

A London Philharmonic é uma orquestra que depende a 100% de fundos privados. A gestão e organização são da inteira responsabilidade de uma administração eleita pelos músicos em parceria com os fundadores e patrocinadores da orquestra. Ao abrigo das leis Inglesas os músicos não tem um contrato de trabalho extremamente seguro nem contam com quaisquer benefícios sociais. É um trabalho exigente e desgastante. Sediada numa cidade onde existem 9 grandes orquestra mundiais full-time, a LPO tem necessidade de viajar constantemente com uma média de 5 concertos por semana, na procura de novos públicos, promotores, patrocinadores de forma a continuar o legado artístico construído ao longo de 82 anos sempre na presença de grandes artistas.

 

A Berliner Philharmoniker é uma entidade privada, com dinheiro do município de Berlim, mas em auto-gestão. Os músicos governam a sua orquestra, tomam todas as decisões artísticas e laborais. O comité de músicos é formado por nove elementos, onde cada um deles tem uma função específica. Esse comité é responsável pela simples contratação de uma funcionária de limpeza até à contratação de maestros e solistas. É uma orquestra com mais de 100 anos de tradição, com um dos maiores legados discográficos, situada no centro de Europa onde a sociedade está perfeitamente preparada e educada para a música clássica, e com autonomia financeira capaz de contratar os melhores músicos e maestros. Como não podia deixar de ser, têm uma super máquina de marketing a trabalhar constantemente para a sua promoção.

 

 

O budget financeiro [da Orquestra do Porto] não é suficiente para contratos generosos e a sua promoção e participação no panorama internacional é bastante limitada, bem como o seu legado"

 

 

A NSO em Washington com 83 anos de existência tem vindo a trabalhar com os mais famosíssimos maestros e solistas mundiais desde a sua fundação. Também com um grande legado discográfico e com as melhores condições possíveis proporcionadas pelo J. F. Kennedy Center. A sua gestão e promoção é da responsabilidade do Kennedy Center, no entanto, tal como em Berlim, toda a sua actividade é monitorizada pelo comité de músicos. A sociedade tem uma enorme representação no orquestra formando um grupo de benfeitores chamado (The board) com o intuito de angariar fundos e promover o seu desempenho. O budget financeiro é incomparavelmente maior em DC do que em qualquer outra grande orquestra. A União de Músicos Americana (Sindicato dos Músicos) tem uma responsabilidade enorme na manutenção artística e laboral dos músicos da orquestra. Tal como em Berlim, a orquestra actua em digressões internacionais nas mais importantes salas e faz 3 concertos semanais na sua sala que tem 2400 lugares, e está sempre esgotada!

 

Infelizmente essa realidade não existe em Portugal. A Orquestra Sinfónica do Porto tem uma existência bastante recente e algo conturbada. Passou por imensas dificuldades e nem sempre funcionou nas melhores condições. Neste momento com a sua ida para a Casa da Música as condições melhoraram bastante mas continua a ser uma estrutura que pertence à Fundação, que a administra. A participação dos músicos na sua gestão é meramente de opinião. O mecenato é bastante limitado, para não falar da falta de apoio governamental. O público reeducado começa agora a aderir aos concertos de forma razoável mediante a sua programação e o número de concertos, um ou dois semanais. O budget financeiro não é suficiente para contratos generosos e a sua promoção e participação no panorama internacional é bastante limitada, bem como o seu legado.

 

 

"O mercado português é muito pequeno. 90 por cento dos meus concertos a solo, recitais, música de câmara ou masterclasses são feitos no estrangeiro"

 

 

DC – Mas achas que é possível fazer uma carreira internacional e viver em Portugal?

AP – É mais difícil, mas acho que sim. Tudo depende do tipo de vida que se quer ter. Como é óbvio, quando se vive numa grande cidade estamos muito mais perto de tudo, mas conheço artistas que vivem no Brasil, Uruguai, Africa do Sul e conseguem gerir a sua carreira.

 

Na verdade, para um músico que ambiciona tocar numa grande orquestra as escolhas são bastante mais limitadas, visto que as grandes orquestras mundiais se encontram sediadas nas grandes cidades mundiais, e infelizmente nenhuma das cidades portuguesas se encontra nesse patamar. Não via até algum tempo atrás uma necessidade iminente de partir para outra cidade, país ou continente para conseguir gerir a minha carreira de forma satisfatória, mas à medida que as oportunidades foram surgindo essa predisposição foi-se alterando.

 

 

DC – Mas é uma necessidade fundamental ter contacto com o estrangeiro, certo?

AP - Sim, isso é fundamental. O mercado Português é muito pequeno. 90 por cento dos meus concertos a solo, recitais, música de câmara ou master-classes são feitos no estrangeiro. Eu penso às vezes no nosso país como se fosse uma grande cidade, como há cidades na Europa por exemplo com seis ou sete milhões de habitantes. São Paulo no Brasil, por exemplo, tem 13 milhões de habitantes. Portugal é como uma cidade ou um Estado de um grande país que se chama Europa. Ha que manter esse contacto com o exterior de forma continuada para a evitar o isolamento e uma consequente regressão.

 

 

"Hoje em dia os alunos têm fácil acesso a toda a informação que necessitam quase sem sair de casa"

 

 

DC – Na Trompa em Portugal podemos falar de uma geração que mudou tudo…

AP – A geração que surgiu nos anos 90 com uma série de instrumentistas que começaram a fazer coisas interessantes. Até essa altura havia muito poucos trompistas. De repente houve um boom com as escolas profissionais, na produção de músicos… e a Trompa foi-se desenvolvendo também, graças a alguns músicos que vieram do exterior e foram dar aulas para as escolas profissionais, para os conservatórios e academias. Músicos que já estavam devidamente elucidadas sobre o mundo da trompa começaram a fazer nascer novos alunos…

 

 

DC – Não só a quantidade cresceu mas também a qualidade.

AP – Sim, a qualidade também. Nos anos 90 a oferta era muito reduzida em Portugal. Felizmente eu tive acesso a algumas coisas no estrangeiro, através dos meus professores.

 

Em 92 fiz a minha primeira viagem ao estrangeiro, a Praga, onde experienciei coisas que não havia cá. Depois fui à Alemanha, onde assisti a concertos ao vivo com trompistas a tocar a solo que eu só ouvia nas gravações e tive aulas com os maiores nomes da trompa a nível mundial. Mas foi um investimento muito grande e um esforço enorme. Hoje em dia os alunos têm fácil acesso a toda a informação que necessitam quase sem sair de casa.

 

 

"Será que vale a pena todo este investimento, todo o sacrifício da minha vida pessoal em detrimento da minha carreira?"

 

 

DC – No teu percurso, hesitaste, em algum momento, em continuar a seguir a Trompa?

AP – Sim, algumas vezes!

 

 

DC – Ainda hoje?

AP – Sim.

 

 

DC – Porquê?

AP – A sensação de palco é incrivelmente fantástica! Quando estamos bem preparados e a desfrutar em pleno o momento, é altamente prazeroso!

Mas, às vezes, a vida pessoal fica um bocadinho afectada em detrimento da carreira. Ficamos com pouco tempo para dedicar às pessoas que realmente merecem a nossa atenção. Chega a ser um trabalho bastante solitário. Precisamos de várias horas de estudo diário em completo isolamento. É quase como uma droga. Os projectos vão aparecendo e vão sendo cada vez mais aliciantes. É extremamente difícil controlar essa gestão.

 

Dou-te um exemplo: em Março de 2013 tive uma digressão na Rússia, Alemanha e na Grécia, com a Orquestra MusicAeterna e a Sagração da Primavera. A meio da digressão fui fazer as provas a Berlim. Tive de me preparar durante a digressão, pois era o único tempo disponível. Depois das provas vim a Portugal durante algumas semanas para tocar na Orquestra Sinfónica Casa da Música e dar aulas na ESMAE. Em Julho fui a um Festival na África do Sul. Entretanto, tive de preparar a estreia do concerto para trompa e orquestra do Luís Tinoco em Memphis, nos Estados Unidos e ainda um recital para a mesma altura. Não tive férias. Em Setembro comecei a trabalhar com a Filarmónica de Berlim. Algumas semanas mais tarde já em 2014 seguiu-se a colaboração com a Orquestra Sinfónica da Rádio de Frankfurt. Pouco depois apresentei-me a solo em digressão pelo Brasil onde fiz também um masterclass. 

 

No entretanto dei um salto a Portugal para estar presente no júri nas provas da Orquestra da União Europeia, durante três fins-de-semana seguidos. O concerto de Gliére com a Orquestra Casa da Música veio de imediato, seguido de uma viagem aos EUA para tocar “Der Rosenkavalier” com a Nacional Symphony Orquestra, onde, na mesma semana fiz audição para primeiro trompa-solo que acabei por ganhar. Uma semana depois ensinei em masterclass na Universidade de Indiana e Chicago. O Concerto nº 2 de Strauss com a Orquestra Sinfónica Metropolitana, nos Dias da Música aconteceu em Maio e segui novamente para concertos em digressão pela Alemanha, Brasil, Rússia e África de Sul. Regressei a Portugal em Julho por algumas semanas para preparar o Konzertstuck para 4 trompas de Schumann que ocorreu no início do mês de Setembro de 2014. De imediato abalei para os Estados Unidos da América para iniciar a minha nova função de trompa principal da National Symphony Orchestra, Washington DC, sob direção artística do Maestro Christoph Eschenbach.          

                

Tenho perdido mais tempo a viajar, a fazer concertos fora do país do que com algumas pessoas que mereciam um pouco mais da minha atenção. Por isso, às vezes penso: Será que vale a pena todo este investimento, todo o sacrifício da minha vida pessoal em detrimento da minha carreira? Para já o balanço é muito positivo, continuo completamente apaixonado pelo que faço e na verdade ao longo dos anos fui aprendendo a gerir a minha agenda de uma forma um pouco mais equilibrada.

 

 

 "Aconselho todos os jovens músicos a trabalharem com empenho, seriedade, convicção, rigor e acima de tudo com grande paixão"

 

 

 

DC - Que outras paixões tens para além da música? Se não fosses músico o que gostarias de ser?

AP - Velejar, cozinhar e o Mahler. Não faço a menor ideia do que seria se não fosse músico, talvez maestro (gargalhada)                                                                                    

Sempre que vejo água e sinto uma brisa no ar fico ansioso por adriçar as velas de um qualquer veleiro disponível nas proximidades! Devo dizer que perco também algum tempo na cozinha, gosto muito de cozinhar, criar novos pratos e adoro o meu cão, o Mahler!!!    

 

 

DC - Que conselhos podes deixar à nova geração de músicos portugueses?

AP - Aconselho todos os jovens músicos a trabalharem com empenho, seriedade, convicção, rigor e acima de tudo com grande paixão. E a perseguirem os seus sonhos!!!

 

 

DC - Próximos projectos?

AP - Completar o meu período experimental em Washington DC com o maior sucesso possível.

 

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